sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O homem mais bonito do mundo!


E não foi que numa dessas brincadeiras de ter e pertencer ao outro, eu acabei me pertencendo?

Tudo começou quando tudo finalizou com ele.  Quando vi que a relação não tinha mais a mesma pureza do primeiro encontro e que já não tinha mais graça ter aqueles encontros casuais, onde tentamos impressionar dessa ou daquela forma.  Resolvi pular correnteza a fora e preocupar mais comigo.  E foi nessa linha tênue do preocupar comigo e esquecer ele, que me surge o outro.  Aquele que não conheço suas intimidades, mas conheço da tua voz, imagino teu cheiro e sinto falta dos seus carinhos. 
Foi exatamente no momento que disse que não dava mais para continuar com aquele relacionamento  que resolvi sair a procura de alguma forma de não morrer de solidão.  Estava caminhando em direção as aulas de meditação quando de relance vejo que tem um cara do outro lado da rua, com cabeça baixa e uma blusa xadrez grande, com óculos iguais aos meus e um chapéu coco.  Logo pensei que era minha representação masculina e que eu estava ficando maluca. Esfreguei os olhos e olhei fixamente. Ele retribuiu. E olhei de novo.  Ele sorriu e atravessou na minha direção. Não havia nenhuma casa naquela rua a não ser a clinica de meditação.  Imaginei que seria uma puta loucura se ele também estivesse indo nessa clinica. Fui de cara perguntando: Não me diz que também é zen? Ele sorriu alto e disse que eu não estava maluca. Que era a primeira vez que iria nesse lugar, e ousou me perguntar se poderia orienta-lo.  Gaguejei ao responder, pois sua beleza era imensa.  Ele era o homem mais bonito do mundo.  Seus olhos eram castanhos e seus cabelos possuíam cachos perfeitamente moldados. Fora que possuía um lindo sorriso e uma forma modesta de falar sobre suas vontades. 
Sim. Ele era o homem mais bonito do mundo. Quando afirmei isso pra mim mesma, comecei a tentar encontrar algum defeito.  Fui logo pensando que ele deveria cheirar mal, mas quando me aproximei de seu corpo, vi que esse não era o defeito. Ele cheirava o sabor mais doce do mundo.  Cheguei a imaginar que o problema era que ele não sabia conversar, e fui logo falando sobre psicanalise de Freud.  Incrivelmente ele sabia tudo e um pouco mais. Resolvi partir para cima e perguntar se ele era gay. Ele sorriu e me perguntou se o teu jeito era de gay. Retribui o sorriso e disse que não, e que esse era o problema.  Não poderia conformar que ele era o homem mais bonito do mundo.  Ele falava baixo e passava a mão entre os cabelos quando falava sobre suas inseguranças. 
Ainda me intrigava o que havia de errado nele.  Porque diabos ele estaria conversando comigo.  Justo eu  que estava com uma baixa energia devido ao término, e que de certa forma estava perdida tentando encontrar algum recurso que me aproximasse de mim mesma.
Fomos a aula de meditação e ele fazia tudo tão bem e tão delicadamente, que não consegui meditar só por ficar olhando sua posição ereta e tão centrada.  Até tentei usar do argumento de que seus pés eram feios, mas não! Eram mais delicados que os meus. 
Após a meditação fomos caminhando para o parque da cidade. E sentamos no gramado e conversamos e trocamos sorrisos e experiências.  Eu sentia uma puta vontade de olhar no fundo dos seus olhos na tentativa de enxergar algum vazio. Mas não, seu olhar era profundo e sensual.   
Trocamos telefones e naquele mesmo parque nos despedimos.  Ele me abraçou forte e passou a mão nas minhas costas parando-a na minha cintura.  Beijou minha testa e disse que numa próxima oportunidade iriamos nos encontrar.  Eu sorri, olhei nos seus olhos e fui pra casa.
Confesso que fiquei ansiosa para receber alguma mensagem ou coisa do tipo. Até pensei que o problema dele deve ser que ele não liga para os sentimentos e que eu não seria uma exceção. Pensei ser besteira acreditar que ele mandaria alguma mensagem e fui dormir.  No outro dia, recebo uma mensagem logo de manhã: “Eu gostei da sua liberdade e da sua vontade de desprender das coisas.  Sabe de uma coisa? A sua felicidade está tão dentro de você, e te falta tanto se encontrar, que ela permanece distante.  Abraços.”  Sim. Ele era o homem mais bonito do mundo e esse era o problema; não mais o encontrei. 

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