Já é tarde, eu pensei. São quase duas e a única coisa que
faço é ouvir a mesma musica repetidamente.
Leio alguns textos, escrevo algumas coisas e ainda assim me sinto cheia.
Sinto que tem algo aqui dentro, algo forte, daqueles que faz o coração bater
mais forte, e que precisa ser dito ou cuspido como letrinhas de poesia. Daí eu
tento, mas não sai. Eu tento de novo, mas não sai. Dai eu começo a respirar e a meditar, mas
continua aqui. E eu respiro, e expiro, e
a dor continua em mim. Eu troco de musica, mas não é culpa da música. Leio alguns textos e recito alguns mantras,
mas essa coisa louca que não sei o nome e nem sei de onde vêm, continua aqui
dentro. Eu resolvo partir para agressão
e acendo um cigarro. A tragada impulsiona a dor até a boca do estômago, mas não
consigo vomita-la. Fumo um, dois, três
cigarros. Mas nada. A dor continua aqui.
Olho para dentro na tentativa do recolhimento, mas parece que essa é dor é tão
íntima de mim que não sei o que é e nem onde fica. Tento
desdobrar a minha alma e começo a tentar compreender minha mente, mas
nada. Não encontro de onde vêm essa dor.
Essa coisa que precisa ser cuspida e que fica entre o estômago e o coração. De
repente me silencio. O silencio é forte,
e sinto que algo está saindo lentamente pela minha boca, nariz, ouvido e
coração. Essa coisa que não sei o nome e nem de onde vêm é nada mais que a
saudade do desconhecido.
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